Clínica OncoStar tem diferentes cenas de iluminação para conforto do paciente
Por Erlei Gobi, da revista Lume Arquitetura | Fotos Rafael Sanches
A clínica OncoStar, na Avenida Pres. Juscelino Kubitschek, em São Paulo, é especializada no atendimento oncológico e conta com 2.200 metros quadrados de área construída divididos em três pavimentos, sendo que no 5º pavimento do edifício está a área de recepção dos pacientes – com áreas de atendimento e salas de espera –, o apoio administrativo e a sala de conferência, enquanto os outros dois são compostos pelos consultórios e os quartos de infusão, para tratamento.
Assinados pela Inoah Arquitetura, das titulares Ana Paula Dinardi Auad, Andreia Rossi e Sueli C. F. Nogueira, os projetos de arquitetura e ambientação foram concebidos de forma propositalmente cenográfica para provocar sensações de bem-estar, conforto, acolhimento, cuidado, segurança e modernidade. “Tudo isso, para que o paciente e seus familiares recebam um atendimento focado nas suas reais necessidades psicológicas e emocionais e contribuam de forma determinante a acelerar o processo de cura”, contou Ana Dinardi.
O projeto de iluminação da OncoStar ficou a cargo do escritório Mingrone Iluminação, do titular Antonio Carlos Mingrone, que buscou as melhores condições para o corpo clínico, com as necessidades de iluminação para os diferentes trabalhos realizados, assim como também propôs uma atmosfera agradável, confortável e relaxante para os pacientes. “O espaço não tem aspecto de hospital, frio, está muito mais para um hotel de altíssimo padrão e, por esta razão, as soluções foram todas pautadas em LEDs com luminárias de padrão elevado. Cerca de 10% do custo total da obra foram destinados à iluminação, quando via de regra esse valor fica entre 3% e 5%, no máximo”, afirmou Mingrone.
O lighting designer ainda ressalta que os ambientes de cura e hospitalares são muito críticos do ponto de vista luminotécnico e sua realização é bastante complexa: “Eles pedem características especiais não apenas do ponto de vista quantitativo, mas permeiam soluções próprias. É todo um conjunto de necessidades que temos que pôr à prova em sintonia com a arquitetura”.
Recepção
Logo que o paciente adentra a clínica, o primeiro espaço que encontra é a recepção, onde a luz artificial convive durante o dia com a iluminação natural. “Então se tem um equilíbrio a ser mantido entre a luz proveniente de um plano vertical das janelas com a luz artificial”, disse Mingrone.
Nas áreas de espera, elementos circulares no teto, com fitas de LED a 3000K e duas potências – 17W/m (1.500 lm/m) e 8W/m (600 lm/m) –, como que coroas, criam uma solução randômica. “Como o céu possui as nuvens bailando, imaginamos que as luminárias de diferentes diâmetros espalhadas pelo teto de forma não visualmente cartesiana geraria a mesma dinâmica que o indivíduo tem ao olhar o céu pela janela. A tonalidade de cor foi a quente, combinando com toda a ambiência que se mostra no espaço e com a intenção de propor conchego”, explicou o lighting designer.
Ao lado da recepção há as unidades de atendimento, onde o cliente abre a ficha de cadastro. Estes espaços são todos envidraçados e receberam luminárias lineares de 30W (4.200 lm) a 3000K. “Essas peças são minimalistas e dotadas de dispositivos difusos na parte superior, com excelente comportamento de distribuição de luz no plano de trabalho e fantástico controle de ofuscamento”, contou Mingrone. “Onde os elementos de luz se fazem destacados, como na sala de espera, acabam compondo o desenho do espaço. Já onde as soluções de iluminação não compunham o desenho do ambiente, trabalhamos com linhas e pequenas insinuações de luz”, completou.
Ainda no andar da recepção, os painéis metálicos trabalhados pela arquitetura para servir como “divisão de espaços” foi valorizado por meio de embutidos no piso de 9W a 2700K.
Circulações
De acordo com o lighting designer, as circulações foram tratadas de forma diferente: “Abstraímos a ideia de que a iluminação precisa estar centralizada no seu eixo longitudinal. Ela continua em seu eixo longitudinal, mas não em simetria, ou seja, criamos uma assimetria do ponto de vista da sua locação enquanto plano de instalação no forro, valorizando superfícies determinadas dadas por acabamentos que se mostravam contínuos, e criamos uma reentrância de modo que o objeto iluminante se insere como um sólido. Não é uma reentrância com um downlight ao fundo, é um elemento de sobrepor, de forma cúbica e dotado de uma lâmpada de 7W, que vai se repetindo ao longo de todo o trajeto dentro de um rasgo preto. Essa composição cromática dá um certo requinte à solução”.
Em outras áreas, onde esta solução não era presente totalmente desta forma, como nos acessos dos consultórios e no foyer, este elemento linear se fez por meio de sancas com perfis metálicos especialmente desenhados, com 36W/m a 3000K, proporcionando grande oferecimento de luz para as paredes. “Ou seja, não houve sancas em gesso. Essa solução se fez bastante prática em termos de obra devido a sua velocidade”, lembrou Mingrone.
Os postos de enfermagem situados nos andares clínicos receberam fitas de LED de 4,8W/m a 3000K, seguindo o mesmo desenho das circulações, sejam incorporadas dentro do mobiliário ou sobre o tampo de forma minimalista. “Assim demos unidade ao projeto, já que nenhum espaço foi pensado em dessintonia com o todo”, afirmou o lighting designer.
Consultórios
Os consultórios são compostos por duas alas. Na de atendimento, onde o médico e seus assistentes realizam a entrevista com o paciente, a iluminação incorporada ao mobiliário – com fitas de LED de 9,6W/m a 3000K – é o ponto alto, além de uma luminária de 15,4 W/m a 3000K, minimalista, disposta sobre mesa, para luz direta e indireta, proporcionando conforto visual, dado que os médicos trabalham com pelo menos dois monitores de vídeo no posto de trabalho.
Na parte posterior ao escritório há a área de exame, onde foram aplicadas luminárias lineares de 20W/m, de dimensões mínimas (cerca de 2,5 cm), dispostas paralelamente à cama, que proporcionaram grau de eficiência e conforto muito grande. “A temperatura de cor para este ambiente foi de 4000K, porque este tipo de atendimento clínico exige. Tudo foi simulado tecnicamente e renderizado em 3D para que o corpo clínico pudesse visualizar os resultados de tudo o que estava sendo proposto”, contou Mingrone.
Quartos de infusão
Ainda de acordo com o lighting designer, da porta de entrada até o interior destes espaços, tudo foi novidade: “A arquitetura idealizou elementos verticais que nos valemos para lançar luminárias de 9,6W/m, de forma a deixar os boxes visíveis para quem estivesse passando, já que a porta não está paralela ao eixo do corredor, mas disposta de forma inclinada. Outro fato interessante foi o acondicionamento da numeração dos quartos de maneira a insertar informações que o posto de enfermagem requer. O número que identifica o quarto pode estar norteado com a sinalização de aviso, ou seja, a luz do número se altera em vermelho, verde ou branco para nortear as operações clínicas”, contou.
Os quartos são compostos por uma série de atendimentos aos clientes do ponto de vista de conforto, de hotelaria, como televisão, nichos para livros e revistas, decoração agradável, entre outros, e toda a iluminação é realizada por meio de tablets oferecidos ao paciente ou ao seu acompanhante. “No tablet, já estão gravadas cenas típicas de uso, como cena para o visitante, para o tratamento, para alimentação, para quando chega o médico, entre outras”, disse o lighting designer. Há, ainda, iluminação incorporada ao mobiliário com fitas de LED de 4,8W/m a 3000K, tanto nos nichos das prateleiras quanto na parte detrás da cabeceira da cama.
Sala de conferências
A sala de conferências possui uma grande mesa em “U” de ampla ocupação, além de telas de TV e de vidro tanto na parte frontal quanto lateral. A iluminação geral se dá por pares de embutidos circulares no teto de 8,7W a 2700K cada, intercalados por luminárias lineares de 43W a 3000K. Há também uma cornija periférica com 18W/m a 3000K além de fitas de LED de 9,6W/m e 14,4W/m, a 3000 K, integradas ao mobiliário.
Esta sala também possui uma automação de cenas, tanto para reuniões administrativas, vídeos projeções e conference calls. Tudo foi previsto neste ambiente dentro de uma harmonia que congrega não só a necessidade de trabalho no plano da mesa, como também de valorização da linda arquitetura, onde a luz compõe o espaço destacando um aparador, uma textura da parede, o mobiliário da estante frontal e as obras de arte”, detalhou Mingrone.
Sanitários
Ainda de acordo com o lighting designer, os sanitários tinham em seus tetos equipamentos de ar-condicionado, então uma das premissas do projeto era como dispensar a utilização de elementos no forro e tratar a iluminação somente através de soluções de parede. “Foram idealizados alguns perfis com elementos lineares e difusos que fizeram as vezes da luz geral e também de favorecimento das expressões faciais”, explicou.
“Também sugerimos a dispensa da utilização de equipamentos de controle de acionamento da luz. O que temos nesse banheiro são sensores de presença de qualidade embutidos no forro de gesso, com aberturas de facho controláveis e que se regulam com o tempo de permanência necessário, ou seja, extremamente inteligentes”, afirmou Mingrone, que finaliza: “Conferimos desde a emissão dos pedidos até a instalação final do produto, passando pela focalização e promoção das cenas. Houve um trabalho de supervisão técnica ideal neste projeto”.
Ficha técnica:
Projeto luminotécnico:
Antonio Carlos Mingrone/Mingrone Iluminação
Projeto arquitetônico:
Inoah Arquitetura/Ana Paula Dinardi Auad, Andreia Rossi e Sueli C. F. Nogueira
Luminárias:
Bella Luce, Companhia de Iluminação, Embraluz, Eurolighting, Flos, Herman Miller, Homelight, LedProfiles, Light Design + Exporlux, Osvaldo Matos e Power Lume
Lâmpadas:
Save Energy
Fitas de LED:
Samsung
Sensor de presença:
Finder
Automação:
ASP – Automação e Segurança Predial
Telas tensionadas:
Tensoflex